Julinho Botelho, Djalma Santos, Felix, Ivair, Enéas, Capitão e Dener. A Associação Portuguesa de Desportos completa 96 anos de história e tradição no futebol brasileiro, com uma camisa de peso vestida por ídolos eternos e recheada de conquistas inesquecíveis.
O Acervo da Lusa aproveitou a data para presentear a torcida rubro-verde com um vídeo especial. Uma síntese da história do clube e do orgulho da torcida. Um grito de resistência e de paixão vindo das arquibancadas do estádio do Canindé neste aniversário.
Ratinho, Leivinha, Ivair, Paes e Rodrigues formaram um inesquecível quinteto de ataque na Portuguesa na década de 1960. Eles foram comparados aos Beatles e rodaram o mundo em excursões pela Europa, pelas Américas e até pelo Caribe.
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Escudos e Mascotes
Cartuns da Lusa - Por Paulo Batista
A Associação Portuguesa de Desportos foi fundada no dia
14 de agosto de 1920. A data remete à histórica Batalha de Aljubarrota,
dia em que Portugal tornou-se independente da Espanha em 1385.
O clube nasceu da fusão de cinco times de futebol de São Paulo com origem portuguesa: Lusíadas FC, EC Lusitano, AA 5 de Outubro, AA Marquês de Pombal e Portugal Marinhense.
O futebol foi o ponto forte da Lusa desde sempre. Não a toa a Rubro-Verde ficou com a taça do Campeonato Paulista em três oportunidades: 1935, 1936 e 1973. As duas conquistas do Torneio Rio-São Paulo, em 1952 e 1955, fizeram a Portuguesa ser o time-base da seleção brasileira. As excursões invictas do esquadrão lusitano pelo mundo renderam ao time três edições
da Fita Azul.
Houve ainda as conquistas de dois canecos da Copa São Paulo de Juniores, em 1991 e 2002, sem contar a Rubro-Verde campeã brasileira da Série B
em 2011. Isso tudo, claro, além da marca de revelar craques como
Djalma Santos, Ivair, Enéas e Dener. Fora dos gramados, o clube
ainda tem história no ciclismo e no hóquei. Sem contar a mais
tradicional Festa Junina de São Paulo.
Fundação
No dia 14 de agosto de 1920 nasceu a Portuguesa, da fusão de cinco times paulistanos ligados à colônia: Lusíadas, Lusitano, 5 de outubro, Marquês de Pombal e Portugal Marinhense. A data não poderia ser mais adequada, já que também marca o dia da vitória das tropas portuguesas sobre os espanhóis na Batalha de Aljubarrota, em 1385.
A então Associação Portuguesa de Esportes disputou o Campeonato Paulista de 1920 em união com a Associação Atlética Mackenzie, já que não era possível inscrever novos participantes na competição. Permaneceram juntos ainda nos torneios de 1921 e 1922.
Em 1923, a Lusa se desligou do parceiro e passou a adotar a denominação Associação Portuguesa de Desportos.
Os títulos paulistas de 1935 e 1936
O primeiro título paulista da Portuguesa veio em 1935, após uma campanha na qual a Lusa liderou o campeonato do início ao fim. Uma derrota na última rodada para o Ypiranga, no campo do adversário, forçou a realização de uma decisão em melhor de três pontos contra o próprio Ypiranga. A primeira partida terminou empatada em 2 a 2 e a segunda marcou uma goleada da Portuguesa por 5 a 2, garantindo assim a conquista do primeiro título estadual.
Em 1936 a Portuguesa foi bicampeã, dessa vez sem precisar da decisão em melhor de três pontos, derrotando na rodada final o mesmo Ypiranga, dessa vez por 6 a 1.
Copa San Izidro
Em 1951, a Portuguesa excurcionava pela Europa e foi convidada a disputar a Copa San Izidro, em Madri, contra o Atlético. San Izidro é o padroeiro da cidade e os espanhóis estavam com o futebol brasileiro atravessado na garganta.
A seleção da Espanha havia sido goleada por 6 a 1 pela seleção brasileira, no Maracanã, em jogo da Copa do Mundo de 1950. Jogo que teve como marca a torcida do Brasil cantando a marchinha “Touradas em Madri”, sucesso no carnaval daquele ano.
O time espanhol esperava dar o troco derrotando a Portuguesa, sem dó. Não foi o que aconteceu.
A Lusa venceu por 4 a 3 em um estádio com 70 mil pessoas, mesmo com a arbitragem “jogando” junto com o Atlético. Conquistou o troféu e frustrou a “vingança espanhola”.
Rio-São Paulo 1952
A Portuguesa conquistou o primeiro título no Rio-São Paulo em 1952. A decisão, contra o Vasco, aconteceu em dois jogos. No Pacaembu, a Lusa venceu por 4 a 2 e, na partida final no Maracanã, empatou em 2 a 2.
O jogo no Maracanã foi marcado por um fato inusitado. Os jogadores do Vasco tentavam intimidar principalmente os habilidosos atacantes da Portuguesa, na base dos pontapés. Depois de uma entrada violenta sobre o atacante Pinga, da Lusa, teve início uma briga envolvendo atletas, membros das comissões técnicas e até o presidente da Portuguesa, Luis Portes Monteiro, que entrou no gramado.
Mário Américo era o massagista do Vasco – um dos mais animados na confusão – e acertou uma bofetada no presidente da Lusa. O mandatário rubro-verde ficou impressionado com a valentia do massagista e não sossegou até trazê-lo para a Portuguesa.
Contratado pela Lusa, o massagista da seleção brasileira trabalhou na Portuguesa por 19 anos.
Tri Fita Azul
A Fita Azul era um título de honra concedido aos clubes brasileiros que voltavam invictos de excursões ao exterior. A Portuguesa foi o clube que mais vezes ganhou a distinção: três vezes.
A primeira foi conquistada em 1951, depois de 11 jogos invictos na Europa. As partidas foram na Turquia, na Suécia e na Espanha.
A segunda veio em 1953, jogando por 11 vezes sem perder pela América do Sul. A Lusa passou por Perú, Colômbia e Equador.
A terceira Fita Azul foi garantida em 1954. De volta à Europa, a Portuguesa ficou invicta por 14 jogos na França, na Inglaterra, na Alemanha, na Turquia e na Bélgica.
Ataque iê iê iê
A linha de frente da Portuguesa na década de 1960 ficou conhecida como o “Ataque iê iê iê”, em referência ao sucesso dos Beatles e da Jovem Guarda naqueles anos.
O atacantes da Lusa eram jovens, habilidosos e insinuantes, causando pesadelos nas defesas adversárias. Fizeram várias excursões ao exterior, passando pelas Europa, pelas Américas e até pelo Caribe. Foram a sensação do futebol paulista por muito tempo.
Na versão mais famosa, o “Ataque Iê Iê Iê” foi formado por Ratinho, Leivinha, Ivair (O Príncipe), Paes e Rodrigues.
Campeã paulista de 1973
A decisão do Campeonato Paulista de 1973 foi apitada pelo árbitro Armando Marques, especialista em “tungar” a Portuguesa.
O jogo contra o Santos, no Morumbi, marcou a última final paulista jogada por Pelé.
A Portuguesa tinha um time jovem que contava com vários jogadores revelados pelo próprio clube. O time luso aguentou a pressão do experiente Santos e o jogo terminou em 0 a 0. Na prorrogação, o atacante Cabinho marcou para a Portuguesa o gol que daria o título, mas Armando Marques estava lá e inventou de anular o tento legítimo.
A decisão foi para os pênaltis. O Santos estava em vantagem e o juiz se confundiu com a contagem e tratou de encerrar a disputa antes da hora. Enquanto os santistas comemoravam, os jogadores da Portuguesa e o técnico Otto Glória foram embora do Morumbi. Quando todos perceberam o erro era tarde demais.
Configurado o erro de direito por parte da arbitragem, tudo foi decidido na Federação Paulista de Futebol, que declarou Portuguesa e Santos campeões daquele campeonato.
Escalação
Grandes jogadores vestiram a camisa da Portuguesa ao longo dos anos. Muitos foram revelados pela Lusa, tantos chegaram de outros clubes e ali foram ídolos. Serviram seleções, jogaram no exterior, conquistaram reconhecimento. Vários deles se tornaram tão identificados com as cores do clube que é impossível pensar neles jogando com outra camisa.
Os craques da Portuguesa foram os responsáveis pelo maior patrimônio do clube. Eles despertaram a paixão nos torcedores, que se sentiram representados a cada vez que esses jogadores estiveram em campo
Nossa casa
1920 – Sede social do clube no Largo São Bento, no Centro
1925 – Primeiro estádio na rua Cesário Ramalho, no Cambuci
1956 – Compra do terreno do estádio do Canindé
Construção das arquibancadas da chamada Ilha da Madeira
Partida disputada na Ilha da Madeira na década de 1950
Construção do primeiro anel do Canindé
1972 - Inauguração do primeiro anel do Canindé
1980 – Construção dos refletores do estádio
Estádio finalizado entre as décadas de 1980 e 1990
Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte atualmente
9 - 10
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Hinos
Títulos
Campeonato Paulista
1935
A Lusa disputou o campeonato com mais sete equipes chegando ao final da primeira fase empatada em pontos com o Ypiranga, uma das maiores forças do futebol paulista na época. Dois jogos-desempate foram realizados. O primeiro deles terminou empatado em 2 a 2, mas no segundo a Portuguesa mostrou força e goleou por 5 a 2, com gols de Adolfo (2), Paschoalino, Duílio e Carioca.
Tadeu, Fiorotti, Gasperini, Duílio, Barros, Passerini, Guilherme, Frederico, Paschoalino, Carioca e Nicola
1936
O torneio também foi disputado entre sete times, mas a Portuguesa não teve dificuldades para conquistar o título. Com dez vitórias, um empate e apenas uma derrota – goleando o Ypiranga por 6 a 1 na última partida – a Rubro-Verde sagrou-se bicampeã paulista pela APEA. Carioca foi o artilheiro das duas conquistas, marcando 18 gols em cada competição.
Rodrigues, Fiorotti, Oswaldo, Gasperini, Duílio, Barros, Frederico, Mandico, Arnaldo, Carioca e Adolpho
1973
O campeonato foi disputado por 12 clubes em dois turnos. O Santos foi campeão do primeiro e a Lusa do segundo. O título foi decidido no dia 26 de agosto, no Morumbi, com 116 mil torcedores dividindo as arquibancadas. Os times empataram sem gols durante o tempo normal, sendo que o árbitro Armando Marques anulou um gol legítimo de Cabinho na prorrogação. Na disputa por pênaltis, o juiz errou na contagem, decretou o Santos campeão antes da hora, voltou a atrás e foi obrigado a dividir o título.
Zecão, Cardoso, Pescuma, Calegari, Isidoro, Badeco, Basílio, Xaxá, Enéas, Cabinho e Wilsinho
Técnico: Otto Glória
Torneio Rio São Paulo
1952
Dez jogadores da Portuguesa integravam a Seleção Paulista neste ano. Quatro vestiram a camisa da Seleção Brasileira no Pan-Americano. O principal campeonato do país em disputa naquele período era o Torneio Rio-São Paulo. O maior esquadrão da história da Lusa chegou à final vencendo Palmeiras, Corinthians, Santos, Botafogo e Bangu. Na decisão, a Rubro-Verde enfrentou o Vasco da Gama em dois jogos. O primeiro, em um Pacaembu com mais de 40 mil espectadores, o time lusitano goleou por 4 a 2. A taça foi levantada no Maracanã após um empate em 2 a 2.
Muca, Nena, Noronha, Djalma Santos, Brandãozinho, Ceci, Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão
Técnico: Jim Lopes
1955
O goleiro Cabeção e o artilheiro Ipojucã eram os grandes destaques do time luso para a temporada. Os dois jogadores de vasta experiência eram as estrelas da equipe. Julinho Botelho dava sequência à fama de goleador e a segunda conquista do Rio-São Paulo seria crucial para a transação com a Fiorentina, da Itália. Depois de vencer São Paulo, Santos, Fluminense e América-RJ, a Lusa encarou o Palmeiras na final. Os dois jogos foram disputados no Pacaembu, totalmente lotado. O primeiro terminou com empate em 2 a 2. No segundo, Ipojucã e Julinho foram para as redes e garantiram o título da Rubro-Verde com uma vitória por 2 a 0.
Cabeção; Nena, Floriano, Djalma Santos, Brandãozinho, Zinho, Julinho Botelho, Ipojucã, Aírton, Edmur e Ortega
Técnico: Délio Neves
Fita Azul
O jornal “A Gazeta Esportiva”, o maior periódico esportivo da época, dava o prêmio “Fita Azul” a todos os clubes brasileiros que excursionassem pelo exterior e retornassem ao país invictos por ao menos dez jogos.
A primeira edição foi conquistada pela Lusa em 1951 na Turquia, na Espanha e na Suécia::
A segunda “Fita Azul” foi dada pelo jornal à Portuguesa após uma viagem do time rubro-verde a três países da América do Sul em 1953:
A terceira e última edição do prêmio “Fita Azul” foi vencida pela Rubro-Verde no ano seguinte, em 1954, em uma nova excursão pela Europa:
Copa São Paulo
1991
Dener, Sinval, Tico e Pereira formaram a linha de ataque de um dos melhores times da história da Copa São Paulo de Juniores. A equipe comandada pelo técnico Écio Pasca bateu um recorde: conseguiu vencer todas as partidas que disputou na competição. A final, contra o Grêmio, aconteceu no Pacaembu e a Lusa goleou por 4 a 1. Paulo Luís levou o troféu de melhor goleiro, Sinval, com dez gols, foi o artilheiro e Dener, com nove gols, foi eleito a revelação do campeonato.
Paulo Luís, Josias, Sousa, Baiano, Romã, Maninho, Cícero, Sinval, Dener, Tico e Pereira
Técnico: Écio Pasca
2002
Iniciando a trajetória em um grupo sediado no Guarujá, no litoral paulista, a Lusa estreou no campeonato com uma goleada de 8 a 0 sobre o Mixto-MT. Na sequência, a equipe comandada pelo ex-jogador e técnico Edu Marangon bateu o Botafogo-SP por 3 a 1, o Guarujá por 4 a 0 e empatou com o Atlético Sorocaba em 1 a 1. Desbancando Flamengo e Ponte Preta, a Portuguesa enfrentou o Cruzeiro na final. O time venceu por 1 a 0 e levantou a taça dentro de casa, no estádio do Canindé.
Daniel, Jackson, Júnior, Fernandão, Júlio, Bruno, Lelo, Danilo, Iotte, Alex Afonso e Kesley
Técnico: Edu Marangon
Campeonato Brasileiro Série B
2011
Toque de bola, domínio do jogo, tática flexível, ausência de um goleador fixo e placares elásticos. Não a toa o time comandado pelo técnico Jorginho recebeu o apelido de “BarceLusa” na Série B de 2011. Todos os jogadores do time titular, com exceção do goleiro Wéverton, marcaram gols. O arqueiro, inclusive, disputou todas as partidas da competição. Os números impressionam até hoje.
A Lusa esteve nas primeiras posições da tabela do início ao fim do torneio, fazendo do Canindé o grande trunfo. Luís Ricardo, Marco Antônio e Ananias foram os principais destaques da equipe que fez uma das melhores campanhas da história do campeonato: 23 vitórias, 12 empates e apenas três derrotas. E mais: 17 pontos a frente do segundo colocado. Título coroado com o Canindé lotado na reta final.
Wéverton, Luís Ricardo, Mateus (Leandro Silva), Rogério (Renato), Marcelo Cordeiro, Boquita, Guilherme, Marco Antônio, Henrique, Ananias e Edno
Técnico: Jorginho
Filó
Amphiloquio Marques nasceu em 26 de dezembro de 1905 e era filho de Manuel Augusto Marques, presidente da Portuguesa a partir de 1921. Filó começou a jogar pela Lusa após ser convidado a participar de um treino a que estava assistindo e marcar três gols. Sua estreia pela Rubro-Verde ocorreu no dia 30 de abril de 1922, quando a Portuguesa perdeu para o Paulistano por 2 a 0.
Filó foi detentor do recorde de maior goleador em uma só partida, ao marcar cinco gols no empate luso de 5 a 5 com o Brás, em 1924. Ele chegou a ser convocado para a Seleção Paulista, marcando dois gols em uma vitória por 5 a 0 sobre a Seleção do Paraná. O último jogo pela Rubro-Verde foi exatamente em uma derrota por 4 a 1 para a equipe que ele defenderia, o Paulistano, em 1924.
No novo time, Filó excursionou à Europa e, em 15 de março de 1925, foi o marcador de um dos gols da vitória por 7 a 2 do clube sobre a Seleção da França. À época, o “Le Journal” estampou a manchete: “Les brésiliens: Les Rois du Footbal”. Ainda no Paulistano, foi campeão paulista em 1926, 1927 e 1929, ano em que também foi campeão no Corinthians.
Filó chegou a atuar pela Seleção Brasileira, marcando um gol na vitória por 5 a 2 frente o Paraguai em 6 de dezembro de 1925. Ele se transferiu à Lazio, da Itália, em 1931 e foi campeão italiano em 1934. No mesmo ano, foi convocado para a Seleção da Itália, por ser filho de mãe italiana.
Na Copa do Mundo, quando Mussolini deu nacionalidade italiana a vários estrangeiros, atuou com o nome de Guarisi - que era o sobrenome materno. Filó foi o primeiro brasileiro a conquistar uma Copa do Mundo, em 1934, pela Itália.
Julinho Botelho
Júlio Botelho nasceu no bairro da Penha, em São Paulo, no dia 29 de setembro de 1929. Julinho, como viria a ser conhecido, iniciou a carreira profissional no Juventus após ter sido “descoberto” por um olheiro do time quando ainda jogava pela Liga Esportiva do Comércio e Indústria, atuando pelo Stiff F.C.
Em 15 de fevereiro de 1951, o principal jornal de esportes do país, a Gazeta Esportiva, noticiou sem grandes alardes e com muita discrição que a Portuguesa havia contratado um promissor ponteiro direito juventino por 50 mil cruzeiros.
Marcou os dois primeiros gols vestindo a camisa lusitana em uma vitória por 4 a 2 sobre o América-RJ, no Pacaembu. O time foi a campo com Aldo, Manduco, Hermínio, Djalma Santos, Brandãozinho, Zinho, Julinho, Rubens, Nininho, Pinga e Simão.
Em 25 de novembro do mesmo ano, Julinho marcou quatro gols na inesquecível vitória da Rubro-Verde sobre o Corinthians por 7 a 3, quando Pinga II e Nininho completaram o placar. O time que goleou no clássico foi a maior equipe da história da Portuguesa: Muca, Nena, Noronha, Djalma Santos, Brandãozinho, Ceci, Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.
Julinho estreou pela Seleção Brasileira em 8 de abril de 1956. Enquanto vestiu a camisa da Lusa, representou a canarinho em 17 jogos. Foi campeão pan-americano em 1952, vice-campeão sul-americano em 1953 e participou da Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Na Copa do Mundo de 1958, quando estava na Fiorentina, Julinho recusou o convite de disputar o Mundial pelo Brasil por querer dar oportunidade a jogadores que atuavam no país. Mané Garricha foi escolhido no lugar.
Julinho foi vendido para a Fiorentina por 5,5 mil dólares, uma das maiores transações à época. Ele faleceu no dia 10 de janeiro de 2003. Disputou 191 partidas pela Portuguesa e marcou 101 gols.
Djalma Santos
Djalma Santos nasceu no dia 27 de fevereiro de 1927, no bairro de Parada Inglesa, na cidade de São Paulo. Sempre teve como sonho ser piloto, mas um grave acidente na mão o fez desistir. Ele chegou a trabalhar como sapateiro, porém, os toques na bola começaram a chamar a atenção aos 13 anos. Ainda garoto, jogava no Internacional da Parada Inglesa, uma equipe de várzea do bairro. Djalma realizou testes no Ipiranga e no Corinthians, mas teve que abrir mão de ambos por causa do horário dos treinos.
Quando teve a oportunidade de jogar na Portuguesa, o patrão concordou que ele trabalhasse no período noturno para que pudesse dedicar-se ao futebol. No primeiro contrato assinado com a Rubro-Verde, Djalma Santos recebia 1,5 mil cruzeiros de salário. A primeira partida disputada como profissional ocorreu no dia 16 de agosto de 1948 contra o Santos. A Lusa perdeu por 3 a 2.
Vestindo a camisa lusitana, representou a Seleção Brasileira em 53 oportunidades, chegando a um recorde mundial no ano de 1956, com 19 partidas disputadas – dez vitórias, cinco empates e apenas quatro derrotas.
Em 23 de maio de 1959, no escritório de Nestor Pereira, benemérito do clube, Djalma Santos foi vendido ao Palmeiras por 2,7 milhões de cruzeiros, recebendo 20 mil mensais e 500 mil de luvas. Ele disputou as Copas de 1954, 1958, 1962 e 1966, sendo campeão em 58 e 62. Foi o primeiro atleta a integrar a Seleção da FIFA em uma partida disputada em Wembley, quando ainda era da Lusa.
Djalma foi o segundo jogador que mais vestiu a camisa da Portuguesa, logo atrás do volante Capitão, tendo disputado 434 jogos. Foi ele também o primeiro jogador a completar 100 jogos com a camisa do time.
Ivair
Ivair Ferreira nasceu no dia 27 de janeiro de 1945 na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Ele chegou à Lusa aos 12 anos, em 1957. Participou pela primeira vez da equipe principal em maio de 1962, quando foi chamado para um treinamento.
A estreia aconteceu em uma partida entra a Prudentina, na Rua Javari. A Rubro-Verde perdia por 1 a 0 até que Ivair entrou em campo aos 40 minutos da segunda etapa, marcando o gol de empate. Um golaço de cabeça, no ângulo. A força da bola e a emoção fizeram o jovem jogador desmaiar no gramado.
Ivair assinou o primeiro contrato como profissional no dia 11 de fevereiro de 1963, recebendo um salário de 45 mil cruzeiros e luvas de 200 mil cruzeiros. Em um ano, ele conseguiu tirar a família da favela de Vila Espanhola, onde moravam, e ter a primeira casa de alvenaria, na Vila Ede.
Ao lado de Ratinho, Leivinha, Paes e Rodrigues, compôs o famoso “ataque iê iê iê”, fazendo referência à Jovem Guarda. Ivair travou uma interessante batalha com o goleiro Valdir de Moraes, do Palmeiras. O atacante foi o grande algoz do arqueiro, marcando 15 gols em uma sequência de 11 partidas entre 1962 e 1968.
Em 1963, a Lusa venceu o Santos por 3 a 2 no Pacaembu, com dois gols de Ivair. Ao final do jogo, quando dava entrevista ao jornalista Eli Coimbra, foi chamado de “Príncipe” pelo “Rei” Pelé. No dia seguinte, os jornais estapavam que o “Príncipe” havia jogado melhor do que o “Rei”. O apelido ficou.
Ivair foi vendido para o Corinthians no dia 27 de agosto de 1969, por 600 mil cruzeiros, dinheiro esse que foi importantíssimo para a construção do Canindé. Defendeu ainda Fluminense, América-RJ e Paysandu-PA. Teve uma longa carreira no exterior, jogando no Canadá por cinco anos e, depois, nos Estados Unidos. Vestiu as camisas de Toronto, Cleveland e Fall Rivers, de Boston.
Felix
Felix Mielli Venerando nasceu no dia 24 de dezembro de 1937, em São Paulo. Com apenas 13 anos, começou a jogar bola na equipe infantil do time de várzea Brasil da Mooca. Dois anos mais tarde, foi aprovado em uma peneira do Juventus e logo promovido à equipe profissional. Ele, porém, ficou na reserva de Oberdan Catani, que estava encerrando carreira no Moleque Travesso após ter sido ídolo no Palmeiras.
Nos momentos em que não era escalado para atuar no time da Rua Javari, Felix jogava na equipe da fábrica em que trabalhava, a Máquinas Piratininga. O destino fez com que ele conhecesse um tesoureiro da Portuguesa, Júlio Cancela, que o convenceu a assinar um contrato em 1955.
Durante um ano, Felix apenas participava dos treinamentos da Rubro-Verde, já que a Lusa contava com Cabeção e Lindolfo na equipe profissional. Sua estreia foi em uma vitória lusitana por 2 a 1 sobre o Newell's Old Boys, no Rio-São Paulo Internacional.
Em 1957, Felix sagrou-se campeão paulista de aspirantes. Apenas em 1961, com a saída do técnico Oto Vieira e com a chegada de Nena, o goleiro começou a ter chances na equipe titular. Antes disso, ele havia sido emprestado ao Nacional. Entre 1961 e 1963, foi titular absoluto na meta rubro-verde. De 1964 a 1968, passou a revezar a titularidade no gol da Lusa com Orlando.
No dia 20 de julho de 1968, foi vendido ao Fluminense por 150 mil cruzeiros. Felix foi o goleiro titular da Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo de 1970. Disputou 48 partidas pela canarinho. Encerrou carreira em 1976, quando foi impedido de jogar futebol após ser diagnosticado com uma calcificação de 7 cm no ombro direito.
Badeco
Ivan Manoel de Oliveira nasceu no dia 15 de março de 1945 na cidade de Joinville, em Santa Catarina. Badeco iniciou carreira jogando pelo América, de sua cidade natal, entre 1964 a 1967.
Ele, porém, destacou-se mesmo vestindo a camisa do América do Rio de Janeiro, atuando como lateral-direito, por cinco anos. Chegou na Portuguesa em 1973, onde se consagrou como um volante clássico de toque refinado.
A maior conquista com a camisa rubro-verde aconteceu no mesmo ano em que chegou ao Canindé, sagrando-se Campeão Paulista.
“Foi um momento único na minha carreira de jogador de futebol. Eu vinha do América do Rio e no começo fui criticado no futebol paulista. Depois fui me adaptando, até porque eu sou catarinense e tenho que me adaptar ao que é o futebol. Fomos campeões paulistas divididos com o Santos e, em 75, fui vice em outra disputa de pênaltis com o São Paulo. Só o fato de ter um título junto com o Pelé já é muito bom” disse Badeco em entrevista ao Blog Futebol de Todos os Tempos.
Badeco ficou na Lusa até 1978 e, depois, ainda jogou pelo Comercial-MS e pelo Juventude-RS. Começou a carreira de treinador nos juniores na Portuguesa em 1981. Foi auxiliar técnico de Mário Travaglini também na Portuguesa. Em 1982, começou a atuar na Polícia Federal.
Enéas
Enéas de Camargo nasceu no dia 18 de março de 1954 em São Paulo. Começou a jogar futebol na Escolinha da Lusa aos nove anos. Passou pela categoria juvenil em 1966 e profissionalizou-se na própria Portuguesa em 1972. Enéas é o maior artilheiro do clube em toda a história do Campeonato Brasileiro, tendo marcado 47 gols.
Em 1973, conquistou os dois únicos títulos pela equipe do Canindé: o Campeonato Paulista e a Taça São Paulo. Formou o ataque da Seleção Brasileira ao lado de Zico na conquista do pré-olímpico da Argentina.
Ainda na canarinho, foi convocado em 1976 e marcou um gol no empate por 1 a 1 contra o Paraguai, em Assunção. Conquistou a Taça do Atlântico defendendo o Brasil. Totalizou quatro partidas pela seleção olímpica e três pela principal.
Em 1980, foi vendido para o Bologna, da Itália, por 62,5 mi de cruzeiros. Teve um desentendimento com o técnico Luigi Radicci e disputou apenas 17 partidas. No ano seguinte transferiu-se para a Udinese.
Voltando ao Brasil, jogou pelo Palmeiras, mas não teve o mesmo destaque dos tempos de Canindé. Enéas ainda teve passagens por XV de Piracicaba, Juventude, Desportiva, Ponta Grossa e Central Brasileira.
Na noite de 22 de agosto de 1988, Enéas passava pela avenida Cruzeiro do Sul, em São Paulo, ao volante de um Monza, quando perdeu o controle do carro e bateu violentamente na traseira de um caminhão. O veículo ficou totalmente destruído e Enéas foi conduzido para o hospital, onde ficou em estado de coma por mais de quatro meses. Em 27 de dezembro do mesmo ano, então com apenas 34 anos, Enéas faleceu, deixando esposa e dois filhos.
Enéas é considerado por muitos como o maior jogador da história da Portuguesa.
Dener
Dener nasceu no dia 2 de abril de 1971 e foi um guerreiro, ao melhor estilo lusitano. Chegou à casa onde mais tarde daria seus espetáculos, o Canindé, em 1982, ainda criança, aos 11 anos. Jogava na equipe mirim da Portuguesa, mas teve de deixar o sonho de lado quatro anos mais tarde para ajudar no sustento da família. Ele ficou órfão do pai aos oito anos.
Passou a jogar futebol nas horas que restavam entre os estudos e o trabalho. Batia bola pelo colégio Olavo Bilac em troca de cachê. Apenas em 1988 ele voltou à Portuguesa, nas categorias de base, e foi nessa ali que conquistou de forma invicta a Copa São Paulo de Futebol em 1991. Foi eleito o melhor jogador do campeonato, jogando ao lado de Sinval, Tico e Pereira.
Dener teve a primeira oportunidade na Seleção Brasileira em 27 de Março de 1991, contra a Seleção Argentina, em Buenos Aires. Em 1993, foi emprestado ao Grêmio e conquistou o primeiro título profissional. Em 1994, foi também emprestado ao Vasco da Gama, seu último clube.
Neste mesmo ano, enquanto Dener voltava de São Paulo, onde havia se reunido com dirigentes da Portuguesa e do Stuttgart da Alemanha para uma futura transferência, sofreu um acidente. O amigo Oto Gomes dirigia seu carro, perdeu o controle do veículo e bateu de frente com uma árvore. O jovem jogador viajava dormindo no banco do carona e foi sufocado pelo cinto de segurança. Dener deixava órfãos admiradores de futebol por todo o Brasil.
Capitão
Oleúde José Ribeiro nasceu no dia 19 de setembro de 1966 na cidade de Conselheiro Pena, no interior de Minas Gerais. Capitão recebeu o nome em alusão à capital mundial do cinema, Hollywood. Seu primeiro clube profissional foi o Cascavel, no Paraná, onde jogou de 1986 a 1988. Foi dali que o jogador se transferiu à Portuguesa.
A estreia de Capitão na Lusa aconteceu no dia 5 de agosto de 1988. Um dos maiores ídolos da história do clube, o volante ficou marcado pela seriedade e excesso de vigor físico, com um esforço e uma determinação fora do comum. Chegou a estourar uma bola em uma dividida no Canindé.
Oleúde teve três passagens pela Portuguesa: a primeira de 1988 a 1993, a segunda de 1995 a 1997 e a terceira entre 2004 e 2005. Vestindo a camisa rubro-verde, conquistou o Torneio Início de 1996 – ano em que levou o clube ao maior feito, o vice-campeonato brasileiro.
Torcedor declarado da Portuguesa, Capitão é o jogador que mais vezes vestiu o manto lusitano em jogos oficiais. No dia 21 de maio de 2004, em uma vitória por 2 a 1 sobre o Caxias-RS, no Canindé, foi à campo pela 500º vez defendendo a Lusa. Somando todas as passagens, o ídolo rubro-verde dedicou dez anos de sua vida ao clube do Canindé.
Leandro Amaral
Leandro Câmara do Amaral nasceu no dia 6 de agosto de 1977 em São Paulo. Iniciou carreira nas categorias de base da Portuguesa, tendo oportunidade na equipe titular no ano de 1997, quando se destacou na Rubro-Verde e começou a atrair os olhares de clubes ao redor do mundo.
Em 1998, Leandro formou uma memorável dupla de ataque com Evair, goleador que se destacou atuando pelo Pelmeiras. Neste ano, ambos levaram a Lusa à semi-final do Campeonato Brasileiro. Leandro foi o artilheiro da equipe no ano marcando 15 gols.
O atacante entrou para a história do Canindé, tendo marcado 62 gols em 94 jogos, com uma incrível média de 0,66 gols por partida, tornando-se o maior artilheiro da história do estádio. Atrás de Leandro está Enéas com 34 gols.
Após sair da Lusa, em 1999, Leandro Amaral chegou a realizar exames médicos em Portugal e quase acertou com o FC Porto, mas horas antes de sua apresentação oficial, o jogador teve uma conversa com o presidente da Fiorentina e acabou indo para o futebol italiano, sequer aparecendo na coletiva de imprensa do clube português.
No início de carreira o atacante era chamado apenas de Leandro, teve o acréscimo de Leandro Amaral quando passou pelo Corinthians, desfazendo uma confusão com Leandro Lessa.
O maior artilheiro da história do Canindé voltou à Portuguesa em 2004, estreando em uma vitória por 3 a 0 frente ao então campeão da Copa do Brasil, Santo André. Leandro marcou dois gols na partida. Em seguida, teve passagens por Vasco, Fluminense e Flamengo.
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